Após a eliminação do Brasil, os comentários sobre a Copa foram rareando aqui. Acompanhei toda a competição e pude notar que o mesmo se deu com boa parte da cobertura esportiva. As que restaram ficaram entre o tom catastrófico e o rancoroso. Uns exigiam a cabeça dos jogadores num prato, resultado da sanha justiceira e da crítica acumulada nos outros jogos. Outros usam estatística (essa Copa teve a segunda pior média de gols da história) para tentar desqualificar o torneio. Uns e outros são maus perdedores e incorrem no mesmo erro que apontam em Roberto Carlos: não prestam atenção no adversário.
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Pode não ter sido a Copa dos sonhos de muita gente, como não foi a dos meus, porque os atacantes não cumpriram sua parte. Mas nos divertimos bastante. Na Copa do Segundo Volante, vimos gols bonitos, goleiros espetaculares e zagueiros decentes. Ou seja, quase tudo certo.
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Acusa-se a Itália de ter conquistado o tetracampeonato depois de jogar um futebol defensivo, pragmático e previsível. Deve ser receita para chegar ao tetra. Quando chegar a vez da Alemanha, teremos uma apoteose desse futebol.
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As indiretas aos jogadores da seleção durante as transmissões do restante da Copa foram irritantes. Jeito esquisito de conjugar verbo: ganhamos na vitória, perderam na derrota. E reclamam de falta de profissionalismo.
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Confessa, você também pensou que o Galvão Bueno fosse gritar “É tetra! É tetra!” feliz da vida com a derrota francesa.
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Qualquer escritor ruim faria Zidane encerrar a carreira ao perder o pênalti na disputa da final da Copa. Aconteceu numa cabeçada no peito do zagueiro adversário, da maneira mais improvável. É mesmo muito difícil escrever ficção sobre futebol.
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Ninguém perguntou, mas a minha seleção da Copa é Buffon, Zambrotta, Cannavaro, Thuram e Lahm; Maniche, Pirlo, Vieira e Zidane; Henry e Klose.