Quase dois irmãos

quarta-feira, novembro 23, 2005

Uma coisa leva à outra

Via e-mail, Zé e eu discutíamos comportamento, etiqueta, galanteios, enfim, assuntos de homem. Cada e-mail levava o título ou trecho de uma letra de música para justificar o argumento ou para aborrecer o destinatário. Alcançamos o desrespeito mútuo (Dalto "cuida bem de mim"), falamos do Agepê e chegamos ao Roberto Ribeiro.
Na minha infância, "Todo menino é um rei" era uma das poucas músicas que minha mãe cantava. Roberto Ribeiro tinha porte de sambista de catálogo, voz enxuta. Além de intérprete, com mais de 20 álbuns gravados, foi puxador do Império Serrano até 1982. Quando Roberto Ribeiro morreu, em 1996, lembro de minha mãe ter ficado triste e ainda ter cantado uns trechos da música pela última vez.
A Internet é um bom remédio para nostalgia. Às vezes. A versão de Roberto Ribeiro não encontrei para ouvir, mas a preciosa versão de Renato Braz - citado pela Kellen num texto do mês passado - pude conferir aqui. Não é a mesma coisa, claro, mas também não lembro como começou toda aquela discussão.

terça-feira, novembro 22, 2005

Respondendo

Ô, Giu! Não respondi seu comentário porque achei constrangedora a cena do Robinho e Roberto Carlos de semi-cócoras fracassando no primeiro truque. Só hoje, depois do puxão de orelhas, tentei mais uma vez, meu computador resolveu cooperar e consegui assisti ao filme todo.
Obrigado pelos comentários!

domingo, novembro 20, 2005

Muito esquisito

Não bastassem os gritos de guerra, as ameaças à integridade física dos rivais e à moral das mães alheias, os palavrões e os apupos, nesse final de semana duas torcidas me surpreederam por outro comportamento muito esquisito: civismo.
A torcida do Real Madrid fez o que qualquer ser humano normal faria ao se deparar com aqueles gols do Ronaldinho Gaúcho: levantou e bateu palmas. Simples assim. E os racistas que imitaram macacos após o gol de Eto'o devem ter se cansado de pular como idiotas. Bem feito!
Por aqui, a torcida do Corinthians que sofreu o diabo para assistir ao jogo no Pacaembu (as catracas eletrônicas quebraram e alguns torcedores entraram no estádio com o jogo em andamento), ainda viu o árbitro Márcio Rezende de Freitas aprontar das suas e não marcar um pênalti escandoloso para o Internacional (e para completar ainda expulsou o atacante que sofreu a falta). Nenhum torcedor comemorou porque sabia que seu time estava sendo vergonhosamente beneficiado e porque, por mais que o Corinthians mereça ser campeão, vai ouvir o resto da vida que o título foi comprado.

sexta-feira, novembro 11, 2005

Estimação

O texto da Renata de hoje me deixou assustado. Com essa onda de doenças esquisitas, imagina ser pego de surpresa por um anúncio desse:

- Tio, ganhei uma calopsita.
- Corre para o hospital! Vi na TV que se for diagnosticada logo, tem cura e...
- É um passarinho!
- Ah!

* * *
Em sua autobiografia, Zappa diz que uma de suas tarefas era nomear as coisas pela casa. Quando aparecia algum animal de estimação, todos esperavam que ele desse nome ao bichinho. Daí porque tinham um cachorro chamado Fruney (o Frunobulax de Cheepnis) , um siamês de nome Gorgo (de Gorgonzola mesmo, um personagem de um roteiro de Captain Beefheart) e, o mais criativo de todos, uma calopsita que ele batizou de Bird Reynolds.

quarta-feira, novembro 09, 2005

O povo de Paris

[Historiador (cof, cof, muitos cofs) não resiste a uma comparação. Nem a uma citação. Desculpem.]
"O essencial é que o povo de Paris não se subleve; pode agitar-se, murmurar, ter seus acessos de febre, porém não explode, sobretudo se 'o abastecimento chega com abundância'. É esta uma das vocações da polícia enquanto ciência do governo dos homens, é esta uma das maneiras pelas quais o Estado monárquico soube, depois de Luís XIV, garantir-se contra os protestos populares. (...) O povo de Paris, por seu número, por seus hábitos, desempenha no sistema de conjunto um papael particular, já que as autoridades temem suas explosões mais que em outros lugares. O ano negro de 1709 está ali para justificar essa atenção.
(...) Dos dias frios do inverno de 1709 aos dias quentes do verão de 1789, uma mesma mentalidade explica o protesto popular. A polícia e o povo estão unidos por uma tradição em que o problema dos grãos é uma questão, não de economia, mas de política. Dizer que o povo não tem consciência política é esquecer isso ou reduzí-lo a uma consciência primitiva de sobrevivência; ora, a política dos grãos é uma política que se traduz em mística. (...) Eis por que, (...) a vontade popular fez capotar o aggiornamento da economia: feno do liberalismo para quem morre de fome, viva a taxação! A teoria não deve prevalecer sobre a prática secular, o rei não pode desejar que em nome do interesse privado se esfaime o seu povo."
(ROCHE, Daniel. O Povo de Paris: ensaio sobre a cultura popular no século XVIII. trad. Antonio de Pádua Danese. SP: Edusp, 2004. p. 355-356)

terça-feira, novembro 01, 2005

Listas

Na lista dos 100 maiores intelectuais vivos, elaborada pelos leitores de Prospect e do portal Foreign Policy, deu Noam Chomsky na cabeça. Merecido reconhecimento do trabalho de alguém corajoso o suficiente para criticar a casa-grande pelo lado de dentro.
Apesar da vitória do 'contra', a turma do 'a favor' esteve bem representada: Friedmann, Fukuyama, Huntington. Outro sinal do castigo a que os marxistas têm sido submetidos é perceber Hobsbawm entre Bento XVI e Paul Wolfowitz.
Ah, e D. Fernando ocupa a 43ª posição, acima do Coetzee. Putz, agora agüenta!
[lista completa aqui]