segunda-feira, janeiro 30, 2006

Papéis

Para solicitar a colação de grau na faculdade, é necessária a apresentação de alguns documentos na seção de alunos. Dentre eles as cópias autenticadas em cartório do histórico e diploma escolares de conclusão do 2º grau. Felizmente desde a minha matrícula no 1º semestre do curso, eles estavam disponíveis numa pasta de documentos com meu nome. O restante dos documentos exigidos são os de sempre e assim em uma semana farei o juramento na colação de grau sem cerimônia e solicitarei o tão suado diploma.
O desligamento da faculdade ainda que não-traumático também trouxe melancolia. De certa forma, passei bons momentos ali, aprendi muito (pela via acadêmica ou não) e tive a oportunidade de conhecer gente simples, inteligências incomuns, pessoas realmente fantásticas. Divagando, também lembrei dos amigos de colégio e pensei em toda minha trajetória acadêmica. 81,5 % dos meus anos estão ligados à educação de uma forma ou de outra, uma porcentagem invejável para um brasileiro. Os documentos estão aí para provar.
Estão aí, onde? E se as cópias não estivessem na seção de alunos? Bem, os documentos estão comigo em algum lugar. Onde? Sábado decidi procurar por eles e posso dizer que fiz uma verdadeira imersão nos papéis velhos, nas caixas, nas pastas, nos sacos plásticos, à procura dos comprovantes de minha escolaridade.
O Verissimo disse uma vez que se tivesse uma outra vida gostaria de voltar como seu próprio biógrafo. Era nisso em que pensava enquanto encontrava tantos cadernos, anotações velhas, livrinhos, cópias, jornais e apostilas de cursinho. Ser o próprio biógrafo e reconstruir parte de sua história através de seus papéis pode ser interessante como exercício, mas uma vida monótona e um biógrafo sem talento são os principais ingredientes de um fracasso comercial.
A criação de traças e cupins também não constitui atividade economicamente lucrativa, portanto, papéis que outrora tiveram tanto significado transformaram-se rapidamente em pilhas de lixo reciclável. Vendê-las vai render algum dinheiro. Não muito, ainda não poderei me aposentar. Mas dá a impressão que faltaria pouco.
Guardo papéis compulsivamente e conseguir me livrar de boa parte deles constitui um verdadeiro evento. De outros não tive coragem de me desfazer. Alguns merecem ser guardados e por isso serão temas dos próximos textos.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

acumular papéis é um dos meus prazeres! rs

9:36 AM  
Blogger kellen said...

ótimo texto, como sempre... me fez pesar, que, por incrível que pareça, não guardo tantos papéis assim! beijo, aguardando o próximo texto!

9:46 AM  

Postar um comentário

<< Home